Transição Socialista

Centrais sindicais vendem luta contra reforma por R$ 500 milhões!

Eis o preço das grandes centrais sindicais para trair os trabalhadores: R$ 500 milhões. Tal valor foi liberado por Temer para que as centrais não fizessem mobilização contra a reforma da previdência. As centrais, é claro, falam e falarão que esse dinheiro já era seu, do imposto sindical, que apenas estava bloqueado pelo governo e só foi liberado agora. Mas por que exatamente agora? Explica-se assim por que, de repente e às pressas, às vésperas da paralisação do dia 05/12, as centrais sindicais recuaram e cancelaram tal paralisação. CUT e Força Sindical à frente. A promessa de pagamento foi combinada no dia 04, um dia antes da paralisação, e veio a público no dia 06, um dia depois!

Temer agora pretende jogar a aprovação da reforma para a calada da noite, para a virada do ano (18 ou 19 de dezembro), quando a nação estará adormecida. Tal é seu presentinho de Natal à classe trabalhadora brasileira. Conseguirá? As chances de conseguí-lo cresceram graças à traição das centrais no dia 05, quando poderiam ter dado um golpe decisivo no governo. Não obstante, Temer ainda tem grandes dificuldades para conseguir uma vantagem sólida acima dos 308 votos. O governo de Temer é fraco (aliás, mais fraco do que o de Lula, que, em 2003, com votos comprados no mensalão e apoio do PSDB e DEM, aprovou com as mãos nas costas uma reforma da previdência tão nefasta quanto esta). Temer fará de tudo para comprar a tudo e a todos, mas pode ser que não consiga, pois os humores da população podem mudar a qualquer momento e atrapalhar a aprovação.

Devemos tirar desse elemento repulsivo — a compra das centrais — a conclusão de que não devemos mais pressioná-las, uma vez que estão vendidas? Infelizmente, não. Com esses dados, na verdade, apenas se comprova o que sempre se soube: as grandes centrais, mais ainda do que os próprios sindicatos, agem como instrumentos da burguesia para quebrar a vontade de luta da classe trabalhadora. Mas não devemos jogar fora o bebê com a água do banho. Afora os sindicatos e suas centrais, não há hoje, infelizmente, outra forma de colocar o conjunto da classe trabalhadora nacional em movimento. A situação é péssima, pois vivemos o momento mais grave de desorganização da classe trabalhadora nas últimas décadas. Isso é resultado natural e necessário da política pelega e traidora do PT e da CUT nos últimos muitos anos, que produziu desmoralização e confusão na classe, destruindo uma geração de lutadores.

Tal situação terrível, no entanto, não significa que não se deva pressionar as centrais, nem significa que não estão sendo criadas hoje as condições para a superação das burocracias sindicais amanhã. Elas estão sendo criadas, mas não surgem de de uma só vez, de supetão. A criação será acelerada na conjuntura que se abrirá com o esgotamento deste ciclo político. A premissa necessária para se criar tais condições é ajudar a desatar o movimento geral da classe trabalhadora e participar desse movimento. Portanto, cabe ainda aos revolucionários apoiar-se na revolta popular contra o governo e fazer com que essa revolta vire pressão sobre as centrais e sindicatos, para que se movam e movam a classe.

Todos atentos neste fim de ano! Tomar as ruas diante de qualquer sinal ou tentativa de aprovação das reformas! Não aceitar o indigesto presente natalino de Temer! Dar de presente a ele o fogo no Congresso! Pressionar a burocracia, pressionar a burocracia!