Transição Socialista

Empurra que ela cai! Às ruas contra a reforma da previdência!

Reunidas, as maiores centrais sindicais brasileiras convocaram um novo dia de “lutas, paralisações e assembleias” contra a reforma da previdência. Será 19 de fevereiro, dia em que Temer pretende votar a reforma na câmara dos deputados. É preciso se somar a esse chamado e levar todos os lutadores às ruas contra essa reforma nefasta, sob o risco do país afundar de vez com essa corja que o assalta há décadas sem qualquer projeto de futuro.

O governo Temer é muito fraco e suas medidas já poderiam ter sido enterradas há muito tempo. Só não foram porque isso não interessou a nenhuma grande força política. Do PT aos direitistas do MBL, ninguém quis derrubar Temer e se mobilizar de verdade contra as reformas. Graças a tais setores políticos, somos obrigados a assistir a um show de horrores cotidiano que beira o surreal. A miséria social e cultural da sociedade burguesa revela-se agora em todo o esplendor.

Temer no programa de TV de Silvio Santos, protagonizando cena de compra do apresentador com cinquenta reais; Temer no programa do “Ratinho”, rindo dos brasileiros…

E Cristiane Brasil, filha do vilão corrupto Roberto Jefferson? Sua posse como Ministra do Trabalho foi suspensa por Cármen Lúcia devido a crimes na justiça do trabalho. Não bastasse isso, Cristiane resolveu debochar ainda mais do país, aparecendo em lancha com empresários-gogoboys semi-nus. Agora ela foi içada às manchetes de jornais, envolvida com o tráfego de drogas carioca. O bom é que sem Cristiane Brasil, Inês é morta. A reforma pára. No país onde tudo é vendável, o PTB vendeu seu apoio à aprovação da reforma em troca justamente da nomeação de Cristiane Inês Brasil.

Também os 238 congressistas investigados na Lava-Jato começam a temer a aprovação da reforma em ano eleitoral. A maioria da população (quase 80%) é conscientemente contra a reforma. Se os deputados votarem, podem ficar queimados e não se reeleger. E se não se reelegerem, perdem o foro privilegiado (correndo o risco de serem condenados na justiça em segunda instância). Por isso, os ratos estudam pular do barco de Temer.

Eis que o governo ensaia jogar a toalha. Seu vice-líder na Câmara, Rogério Rosso (PSD-DF), disse na semana passada que “o governo não tem votos e será derrotado se não adiar” a votação. Para piorar as coisas para o Temer, Rosso bandeou-se para o lado oposto, e – talvez buscando popularidade –, resolveu gravar um heavy metal contra a reforma da previdência. Rosso dispensa apresentações; além de metaleiro, é pupilo do collorido (e condenado) ex-governador do DF Joaquim Roriz, bem como é investigado na Lava-Jato.

O pesadelo que os petistas nos deixaram de presente — este governo surreal — estima ter 270 e 280 votos pela reforma. São necessários 308. Apesar de Rogério Rosso, Dyogo Oliveira, ministro do “planejamento”, afirma que será possível fazer mais concessões para aprovar a reforma no dia 19. O impagável Carlos Marun estuda as concessões. O Brasil pagará para ver? Pelo sim, pelo não, é hora de se mexer e ir às ruas para enterrar de vez essa maldita reforma. A chance é agora.

É claro que as centrais sindicais têm problemas de sobra. É claro que estão preocupadas em não ser atropeladas pela base e em salvar seu imposto sindical. É claro que parte dela só quer fingir que luta para fazer campanha pro Lula não ser preso (falando que é preciso ir às ruas contra as reformas e pelo direito do povo decidir em quem votar). Apesar da cretinice das grandes centrais, que tentam contaminar a luta legítima com outras pautas — imposto, Lula etc. —, o chamado oficial do dia 19 trata corretamente apenas do que unifica: a derrubada da reforma. De outra forma não fariam unidade da classe (pois a maioria é contra o imposto sindical e pela prisão de Lula), bem como seriam mais facilmente atropeladas pela base operária.

É preciso unir todos os lutadores neste dia 19. As chances de enterrar de vez essa reforma do capital estão nas nossas mãos. É o momento. Está dada a possibilidade de desmoralizar de vez esse governo frágil, comprovando sua nulidade política. Com ele e com a queda da reforma, se enfraquecerá todo o sistema político burguês que há décadas assalta este país, apenas mudando de sigla. Assim aprofundamos conscientemente a crise da dominação da burguesia. Assim preparamos conscientemente as bases para um verdadeiro futuro para este país, muito superior às fanfarronices, chanchadas, miséria e mediocridade da classe burguesa — um futuro internacionalista.

Às ruas, às ruas, às ruas! Às fábricas, às fábricas, às fábricas! Abaixo a reforma da previdência, abaixo o governo de Temer!