Transição Socialista

Ford: contra o fechamento e as demissões, ocupação!

A Ford anunciou, no dia 12, o fechamento de suas fábricas em Camaçari (BA), Horizonte (CE) e Taubaté (SP), o que provocará uma perda, contando postos de trabalho diretos e indiretos, de quase 74.000 vagas, um enorme contingente de trabalhadores a se somar aos desoladores 14,1% de desempregados no conjunto do país. A reestruturação produtiva das montadoras não começou com o fechamento dessas plantas: lembremos do fechamento da própria fábrica da ford em São Bernardo do Campo em 2019, do fechamento da fábrica da Mercedes em Iracemópolis (SP) em dezembro ou mesmo das medidas de lay-off e demissão voluntária em outras montadoras, como na Volkswagen. Ela tampouco vai acabar agora: o rebaixamento de salários, o aumento das demissões, chegando mesmo ao encerramento de operações, é a “solução” que a burguesia oferece para a crise econômica.

Mas quais são as respostas que a “esquerda” e a burocracia sindical oferecem a essa tragédia? De um lado, temos o PT, velho e experimentado gestor do estado burguês, que defende uma “política industrial” keynesiana, por meio da aplicação de subsídios setoriais, para supostamente preservar os empregos e estimular o desenvolvimento tecnológico das empresas. Esse é um caminho historicamente fracassado, como mostra a experiência da própria planta da ford em Camaçari, que só está lá localizada devido à chamada “guerra fiscal”, política pela qual os estados ofereciam generosos subsídios fiscais às empresas para que saíssem de determinados estados para produzirem em outros. Não só a Ford, mas a imensa maioria das montadoras no brasil vive de fartos subsídios e isenções fiscais e isso nunca lhes impede de, quando julgam necessário, fazer lay-offs, PPEs, PDVs e passar facões e nem mesmo, como vemos, de fechar suas plantas. O PT, em uma ponta, no comando do estado burguês, concedia generosos subsídios às montadoras e, na outra, no âmbito sindical, aprovava acordos que rebaixavam as condições de vida e desarmavam os operários para resistir às demissões que invariavelmente viriam, garantindo a mais alta taxa de exploração da força de trabalho desde o regime militar: essa é sua fórmula de “sucesso”, que sua burocracia vende como solução para a tragédia da Ford.

De outro lado, temos a velha fórmula surrada da “estatização”, sempre “sob controle dos trabalhadores”, que nessa situação trágica mostra toda a sua impotência. Clamar por “estatização”, nesse momento, significa clamar necessariamente por estatização pelo estado burguês que é governado por bolsonaro e, pior ainda, é semear ilusões nos trabalhadores de que o estado tem alguma condição de resolver os seus problemas: trabalha-se na mesma lógica da burocracia sindical, de fazer reivindicações ao estado, apenas temperando as mesmas reivindicações com um palavreado mais radical. Afinal, o que significaria “estatizar” a Ford, nas atuais circunstâncias, se não garantir suas operações com financiamento estatal, com o estado assumindo seu controle acionário? Acaso Barack Obama não “estatizou” a GM na crise de 2009? Nessa lógica, os organismos de luta dos próprios trabalhadores (como os comitês de fábrica) não ocupam o destaque que eles deveriam ocupar: a possibilidade de ação fica nas mãos da burguesia e seu Estado.

As duas alternativas apontam para um beco sem saída. Os empregos de milhares de trabalhadores que estão sob risco imediato de serem perdidos, sem possibilidade de serem recuperados, a não ser que os trabalhadores tomem de volta o que é seu: a ocupação da fábrica é a única resposta à altura do ataque executado pela ford! Se a empresa quer ir embora, as máquinas e a infraestrutura da fábrica devem ficar nas mãos de quem nelas trabalha cotidianamente! Os operários e engenheiros tem toda a qualificação para botar a fábrica para funcionar! A ocupação de uma indústria da importância econômica e estratégica como a Ford teria um impacto político sem precedentes para a luta dos trabalhadores brasileiros, e até mesmo a nível internacional. Não é hora de depositar esperanças no estado, mas só de confiar nas próprias forças – e dar o exemplo para o conjunto da classe!

CONTRA O FECHAMENTO E AS DEMISSÕES, OCUPAÇÃO!