Transição Socialista

Todos à luta dia 29!

Por iniciativa dos companheiros da CSP-Conlutas, tendo à sua frente o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região/SP, foi articulado com importantes sindicatos metalúrgicos de todo o país um novo dia de paralisação da classe operária: 29 de setembro. Trata-se de um dia de luta contra as medidas que o governo Temer pretende implementar, sobretudo as reformas da previdência e trabalhista.

Ao todo participaram da reunião 20 sindicatos e confederações sindicais de metalúrgicos, representando os mais importantes setores do operariado metalúrgico brasileiro. Trata-se, como se vê, de atividade fundamental, unitária, para articulação do conjunto dos metalúrgicos. É função da vanguarda e de todos os lutadores conscientes do país apoiar este dia de paralisação com toda a sua energia. Apesar das diferenças, profundas, que se possa ter com muitos dos sindicatos presentes, é fundamental a unidade para colocar a classe operária em movimento. O ponto zero de qualquer política é o movimento da classe. As diferenças serão resolvidas à medida que e na medida em que a classe operária se mover. Assim ela se politizará e compreenderá melhor suas próprias limitações. Fora disso não há caminho.

Os lutadores conscientes têm de ajudar a classe operária a entrar em movimento pois ela é o agente chave da luta no Brasil. É da classe operária – e não do conjunto dos trabalhadores – que se extrai mais-valia, o alimento do capital, o que permite a este crescer e se reproduzir. A classe operária é a vanguarda objetiva do conjunto dos trabalhadores pois está dentro dos principais meios de produção (empresas) do país e é, por isso, quem pode controlar em primeiro lugar os próprios meios de produção. Lembremos: revolução não é nada mais do que socialização dos meios de produção.

A luta contra as medidas do Temer é fundamental, mas não se deve esquecer que a luta de classes é entre classes, e não meramente entre a classe trabalhadora e o governo burguês. Por isso é preciso, e necessário, que este processo de lutas unificadas e avanço do movimento da classe desenvolva um caminho da irracionalidade para a racionalidade: da luta contra imagens da burguesia (como os seus agentes, os governos) para a luta contra a burguesia em si (os patrões, a luta no chão de fábrica contra exploração cotidiana, contra extração de mais-valia). Isso se dará num processo, e o próximo ano tem de ser aproveitado ao máximo para desencadear o movimento da classe, que produzirá aos poucos essa racionalidade superior.

Ao que tudo indica, o ponto mais profundo do atual estágio da crise está sendo atingido no Brasil. Ainda deve haver alguns meses até o nadir, o ponto mais baixo, que deve ser atingido em meados de 2017, quando o número de desempregados deve chegar a quase 15% da População Economicamente Ativa, na média nacional. Após isso, provavelmente, deve-se iniciar certa retomada industrial. A base para a possível retomada industrial é o estabelecimento de um patamar superior de exploração dos operários pelos capitalistas. A classe capitalista, como um todo, prevendo a crise, aproveitou o período de favorecimento cambial de três/quatro anos atrás para, além de planejar melhor seus estoques, fazer investimentos produtivos (maquinarias, instalações). Sua capacidade industrial está ainda em cerca de um terço ociosa, esperando apenas o estabelecimento de melhores condições de exploração do operariado. Para isso é fundamental o nível do desemprego, sobretudo, mas também a relativização das condições de trabalho, por meio de medidas legislativas, como as que Temer quer aprovar agora. É também por isso que a CUT, há quase dois anos, tenta aprovar o ACE (Acordo Coletivo Especial), que faz o acordado com cada empresa prevalecer sobre o que está na CLT.

É só quando se chegar num novo grau, limite, de exploração dos que estarão trabalhando, sob condições mais intensas e produtivas de trabalho, que a indústria recomeçará contratações (o que estabelecerá, aos poucos, um patamar de estabilidade para o comércio e a economia como um todo). Todo esse processo deve se arrastar no mínimo até o final de 2017 (se as águas da economia mundial, ainda turvas, não desarranjarem tudo). Isso significa que no mínimo até o final de 2017 haverá espaço bastante promissor para a realização da política de frente única operária. É preciso saber explorar essa tática defensiva ao máximo nesse período, sobretudo porque entramos numa conjuntura política favorável, em que os grandes sindicatos estão muito desmoralizados (em meio à queda do PT), como a CUT, altamente afrontada pelos operários do ABC. Ao mesmo tempo, ergue-se um novo governo, muito frágil, diante do qual a classe operária poderá impor derrotas e, assim, se moralizar; acreditar mais em sua força.

O próximo ano é, por tudo isso, fundamental para avanço do movimento da classe e para uma ação consciente da esquerda revolucionária dentro deste. A reorganização da esquerda e a racionalização da luta de classes devem ser o mote. Não se sabe ainda o que o ano de 2018, de eleições, guarda para a classe operária, mas a burguesia certamente buscará sair da crise política atual, e responder ao ascenso da classe, emplacando um governo mais forte. É preciso, portanto, se esforçar ao máximo, e de forma consciente, para produzir neste período, até 2018, a melhor correlação de forças possível para a classe operária, ou seja, é preciso avançar na organização da vanguarda revolucionária do proletariado.

Todos às portas de fábrica no dia 29!
Ajudar a classe a entrar em movimento!
Reconstruir, no movimento da classe, a esquerda revolucionária!